terça-feira, 22 de maio de 2012

EXTREMOZ - RUÍNAS DA IGREJA SÃO MIGUEL

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**Oligarquias e redemocratização no Rio Grande do Norte: o sistema muda, patrões se adaptam e os coronéis permanecem no século XXI (1985-2006).**

Camila Kaciane Freire do Nascimento – Graduanda em História Licenciatura Plena da UFRN Raimundo Hélio da Silva – Graduando em História Licenciatura plena da UFRN A década de 1980 é um momento de redemocratização política, o fim da Ditadura Militar, o falecimento de Tancredo Neves em 1985 e a criação da nova Constituição Brasileira em 1988 ensejam mudanças radicais nos rumos políticos do país. O nosso propósito é analisar a experiência recente de redemocratização no estado do Rio Grande do Norte, verificando como se apresentou o cenário político local a partir da abertura de 1985. O jogo político-partidário no Rio Grande do Norte se dá em torno de duas forças políticas que se uniram na Aliança Democrática para eleger Tancredo Neves à presidência da República: o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e o Partido Frente Liberal (PFL). A Aliança Democrática foi um pacto entre os políticos da agremiação Frente Liberal e do PMDB para tentar vencer a eleição presidencial brasileira de 1985. Bem sucedidos, Tancredo Neves é eleito, de forma indireta, presidente do Brasil. Porém, morre antes de assumir o cargo. Assume o vice-presidente José Sarney, que cumpre todos os pontos da proposta “Compromisso com a Nação”, texto constitutivo da Aliança Democrática, que permitiu a passagem pacífica do poder militar para o civil, concretizando a transição democrática no país. O quadro político apresentado nesse momento deriva de um período anterior. O PMDB era liderado por Aluízio Alves, um dos líderes mais carismáticos que arrastou multidões de adeptos com a utilização de linguagem populista em arregimentação massas que o seguia magnetizados por símbolos que falavam uma linguagem que identificava o que o seguia tais como jingles (uma mensagem publicitária musicada e elaborada com um refrão simples e de curta duração, a fim de ser lembrado com facilidade), cores como o verde que representava uma nova esperança que surgia nesse cenário a campanha mais acirrada sem dívida foi a 1982 Aluízio versos Agripino, o “velho” versos o “novo”, “o Cigano Feiticeiro” versos as mudanças pra “JA”, a “a arara” (alusão à cor vermelha) versos “o bacurau1” sempre respaldado em um sistema de comunicação propagandista (jornal e rádio) que ajudava a disseminar o marketing político e a marcante “lambadinha do Aluízio Alves2” que nascia agora caminhando com os próprios pés e sem à sombra de Mariz para cobri-lo esse era o novo quadro da história da política potiguar na década de 1980. A vitória de Agripino selou o fim da rivalidade Alves-Mariz, substituída agora por Alves-Maia (TRINDADE, 2010: 261). Os dois clãs, apesar de rivais políticos no estado, se unem em 1984, no apoio a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da Republica na redemocratização, uma vez que ambas as partes visavam benefício em comum, trégua que ficou conhecida como a “Paz Pública” que duraria até o início da primeira década do século XXI. Apadrinhado (Aluízio Alves) do mais importante político estadual da época, Dinarte Mariz - líder da União Democrática Nacional (UDN) no estado elegeu-se deputado federal em 1945, reelegendo-se seguidamente em 1950, 1954 e 1958. Rompeu politicamente com seu mentor, Dinarte Mariz, o então governador do estado e ingressou no PSD, sendo eleito governador em 1960, derrotando o candidato da situação, o deputado federal Djalma Marinho. Ingressou no PMDB em 1981. O outro clã era liderado por Tarcísio Maia. Elegeu-se deputado federal pela UDN e governador do estado pela ARENA em 1975, com o apoio de Dinarte Mariz. Empreendeu a renovação da elite política estadual, condição exigida para dar sustentação, nos Estados, ao processo de liberalização iniciado no governo de Geisel (SPINELLI, 2010). Foi sucedido por seu primo e compadre, Lavoisier Maia, em 1979. Dava início à montagem de uma máquina política poderosa, que ocuparia o poder estadual por longos anos (SPINELLI, 2010). Em 1983, quem ocuparia o cargo, desta vez pelo voto direto, seria seu filho José Agripino Maia. Assim como seus adversários históricos, os aluizistas trazia a marca do velho na origem, a utilização do nepotismo como forma de se reproduzir (ANDRADE apud SPINELLI, 2010). Ao lado desses grupos dominantes, adicionam-se os Rosados, com importante inserção no oeste do estado. Em 1950, elegeram o governador Dix-Sept Rosado Maia. Domina um reduto eleitoral que lhes permite expressiva representação na Assembleia Estadual e na Câmara Federal, por isso, seu apoio é disputado pelos dois clãs dominantes, contudo, conservam-se imparciais, sem posicionamento, divididos. Esse é o quadro inicial que vai conformar os traços mais gerais desse sistema político que se configura com a redemocratização em 1985 (SPINELLI, 2010). O período serve para consolidar de vez as forças político-partidárias das duas oligarquias vigentes no estado, os Alves e os Maias. Entre 1982 e 2004, os dois clãs se enfrentam em todos os pleitos estaduais e municipais, para todos os cargos em disputa. O PMDB, do ex-governador Aluízio Alves, do seu filho, o deputado federal Henrique Alves e do seu sobrinho, Garibaldi Alves Filho e o PFL, do ex-governador Tarcísio Maia, do seu primo, o médico Lavoisier Maia e do seu filho, o engenheiro José Agripino Maia, principal liderança do partido, “a rigor, não tem identidade ideológica muito explícita, nem se diferenciam notavelmente nesse plano ou no programático, ou dos segmentos sociais nos quais encontram sua representação mais legítima. Embora, em geral, o PFL seja considerado mais tradicional e com um perfil mais à direita, ambos podem ser situados num espectro de centro-direita” (LACERDA; OLIVEIRA apud SPINELLI, 2010). O PMDB institui um arco de coligações que se denomina Unidade Popular (UP), enquanto o PFL dá a sua coligação a designação de Vontade do Povo (VP). A estas coligações se acrescentam a Frente Popular, conglomerado de pequenos partidos de esquerda liderados pelo PT (Partido dos trabalhadores) e, mais tarde, a Vitória do Povo, coligação instituída pela candidata vitoriosa ao governo do Estado em 2002, Vilma de Faria (ex-Maia) (SPINELLI, 2010). Paralelamente as hegemonias dessas forças políticas coexistem partidos menores, periféricos, cujos líderes oscilam constantemente a favor de interesses particulares na disputa eleitoral. Isto é, a presença dessas grandes forças na política local, “limitam severamente a competição eleitoral, controlando em larga medida a entrada de novos atores, utilizando-se largamente dos recursos de patronagem, do clientelismo político e do assistencialismo social para cooptar e controlar lideranças políticas emergentes e setores sociais populares” (SPINELLI, 2010). Conclui-se que a política do Rio Grande do Norte no início da redemocratização ainda mantinha características do século XIX, os clãs com seus “coronéis” eram quem mandavam e formatavam a estrutura político-partidária embasada no nepotismo oligárquico, na troca de favores, na propaganda difundida através de meios de comunicação (jornal e rádio), na legitimação do passado para justificar o presente e no assistencialismo antes a “seca”, agora, “moradia” e representantes nas localidades que serviam de ponte entre o governo e as massas populares os tempos são outros, no entanto, atualmente, os “coronéis” são diplomados seus títulos são agraciados por academia legitimando o “sacrifício” deles que procuraram se especializar em prol do povo couraça que encobre sua origem na mesma “Horda” de espetros fantasmagóricos camuflados em jovens prometidos ou “Legião de Anjos Salvadores”. REFERÊNCIA SPINELLI, José Antônio. Oligarquias e legitimidade democrática: a experiência potiguar de redemocratização (1985-2006). Coronéis e Oligarquias no Rio Grande do Norte: Primeira República e outros estudos. Natal: EDUFRN, 2010. TRINDADE, Sérgio Luiz Bezerra. Sinuosidade políticas. In:______. História do Rio Grande do Norte. Natal: Editora do IFRN, 2010. : 258. Disponível em: http://www.senado.gov.br/senadores/senador/marcomaciel/compromisso.asp http://www.dhnet.org.br/denunciar/escandalos/rabodepalha/index.htm FERNANDES, Carlos. Aluízio Alves (1921-2006). Disponível em: . Acesso em: 01 maio 2012. Jingle de Aluízio Alves. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=YBFYrOYKYXI. Acesso em: 03 de maio de 2012 http://sobrega.spaceblog.com.br/609745/Os-Populares-de-Igarape-Miri-Lambada-do-Tiburcio/. Acesso em: 02 de maio de maio de 2012. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/denunciar/escandalos/rabodepalha/index.htm Acesso em: 03 de maio de 2012. Disponível em: http://www.wikiaves.com.br/bacurau. Acesso em: 02 de maio de 2012.